A Defensoria Pública Geral do Estado do Rio de Janeiro
(DPGE) fechou hoje (13) cinco acordos de indenização com vítimas do choque
entre dois trens, na Estação Presidente Juscelino, em Mesquita, na Baixada
Fluminense, na noite de segunda-feira (5). O pagamento será feito pela
SuperVia, concessionária responsável pelo serviço de trens no Rio, em no máximo
dez dias, em cumprimento do Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) acertado na
quarta-feira (7), pela DPGE, com a Agência Reguladora de Serviços Públicos Concedidos
de Transportes Aquaviários, Ferroviários e Metroviários e de Rodovias do Estado
do Rio de Janeiro (Agetransp), a SuperVia e a Secretaria de Estado de
Transportes (Setrans).
As vítimas que fecharam o acordo nesta terça-feira
escolheram receber as indenizações em conta-corrente. Os valores, por questão
de sigilo, não foram revelados. Mas para o analista de planejamento, Thiago
Mota, o valor da indenização foi o que menos contou para ele. “Podia ser vários
reais, como poucos reais. Acho que o mais importante é a melhora da qualidade
do serviço. Isso é que é o grande objetivo, e o que a sociedade de um modo
geral busca”, analisou. Para o analista, as empresas costumam tomar providências
quando os gastos “doem no bolso”.
Thiago disse que justamente pela qualidade do serviço de
trens, não costuma usar diariamente o transporte, mas no dia, como pretendia
chegar mais rápido em casa, resolveu ir de trem expresso. “Os trens precisam
melhorar, principalmente, no Ramal de Japeri. Sei que o governo está falando
que vai melhorar, o prefeito também está falando, os governantes estão falando,
mas a gente tem pressa”, reclamou o analista, que procurou a defensoria para
ter uma solução em tempo menor do que se procurasse entrar com uma ação na
Justiça. “Se não, eu teria que ir atrás de audiência”, completou.
Para a diarista Cristina da Conceição da Silva, o acordo foi
suficiente. No dia do acidente, depois de ser atendida no Hospital Geral de
Nova Iguaçu, na Baixada Fluminense, ela foi orientada a fazer um registro na
delegacia e um exame de corpo de delito. Cristina ficou três dias sem poder
trabalhar, por causa dos ferimentos no joelho e no cotovelo. O valor da
indenização, segundo ela, superou as diárias perdidas. “Cobriu com folga”,
contou.
A diarista foi avisada pelo irmão Jorge Antônio da Silva que
podia procurar a defensoria para conseguir a reparação. Eles estavam em trens
diferentes, envolvidos no choque. “O meu irmão estava no trem da frente. Minha
mãe que me avisou quando eu liguei para casa. Ele estava no [trem] parado, e
eu, no que bateu”, disse.
A assistente administrativa, Claudirene Oliveira de Lima,
ficou surpresa com a rapidez que o caso foi resolvido. “Foi suficiente. Achei
que não ia dar em nada. Como a Justiça demora muito para fazer este tipo de
acordo e o tempo que levou achei excelente ”, revelou.
Claudirene disse que teve luxação no ombro e no punho
direito. No dia seguinte ao acidente ela não conseguiu trabalhar. Ela contou
que após o acidente ficou insegura, e outros passageiros ficaram em pânico.
“Todo mundo gritando, as pessoas se aproveitando para pegar os pertences das
vítimas. Chovendo, não tinha ninguém para ajudar para orientar, pessoas
machucadas chorando, crianças. Teve a chuva, e eu fiquei com medo de levar
choque. Eu queria sair logo do local. Me senti muito insegura”, indicou.
A defensora Patricia Cardoso, coordenadora do Núcleo de
Defesa do Consumidor (Nudecon), ficou satisfeita com o resultado do primeiro
dia de conclusão de acordos. Ela informou que hoje foram agendados apenas cinco
atendimentos para ver como eles iam se desenvolver, mas a partir de amanhã
serão 15 por dia. “A gente vai sempre usar o esquema com marcação de hora para
que cada caso seja analisado com cuidado e toda a atenção. Esta semana vamos
manter com 15, e na próxima semana pode ser que a gente aumente. Hoje foi um
dia muito bom”, explicou.
Até agora, segundo a defensora, 80 pessoas, entre os mais de
200 feridos no acidente, ligaram para a Tutela Coletiva do Nudecon, no telefone
2868-2100, ramal 297, para marcar a intermediação com auxílio da defensoria.
"A maioria teve lesões de natureza leve. As lesões mais graves, que são as
pessoas que a gente visitou, esteve com
as famílias. A gente vai tratar um pouquinho mais para a frente, mas a
SuperVia está dando assistência a essas pessoas", informou.
Para o coordenador da Tutela Coletiva do Nudecon, defensor
Eduardo Chow, os valores a serem pagos são justos. "São valores muito bem
estudados e debatidos para ninguém receber aquém do que seria devido. Estão
recebendo tudo que é de direito, tanto com relação a dano material como em
relação aos danos morais sofridos", esclareceu.
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