Turistas e moradores do Rio, que têm procurado os parques da cidade para um "refresco" nos dias de forte calor, se surpreendem com o estado da paisagem. Nos jardins da Quinta da Boa Vista, em São Cristovão, na Zona Norte, córregos e lagos estão secos. Caiaques e pedalinhos, atrações de lazer nas águas do parque, não estão funcionando.
Os caiaques pararam em setembro do ano passado. E, há mais de uma semana, os pedalinhos que circulavam no lago principal também estão parados. "É tudo muito estranho. Trabalho aqui há mais de 10 anos, passei verões quentes e isso nunca aconteceu", disse Cristina Maia, proprietária dos 24 equipamentos que estão parados.
Os lagos secos não são o único problema enfrentado pelos visitantes da Quinta da Boa Vista. O Museu Nacional, fechado desde o dia 12, ainda não reabriu as portas. De acordo com a reitoria da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), que administra o museu, o novo prazo para reabertura será a próxima sexta-feira (23).
Segundo a assessoria, o Ministério da Educação já liberou a verba de R$ 8 milhões para o pagamento dos funcionários que trabalham nas empresas de serviços do museu. No entanto, trâmites burocráticos atrasaram o repasse.
Cristina diz que ainda não sabe as razões da falta de água, mas contabiliza o prejuízo com os pedalinhos parados. "Eu conseguia uma renda boa no final de semana quando tinha movimento e agora estamos sem ter o que fazer. São quatro pessoas sem renda". Ela disse que procurou a administração do parque e foi informada que o problema é causado pela falta de chuva.
De acordo com o Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), há quinze dias não chove na Região Metropolitana do Rio. A última chuva ocorreu no primeiro domingo do ano, dia 4 de janeiro.
Os motivos da falta de água dividem opiniões entre outros comerciantes. Segundo eles, o problema começou em setembro de 2014, atingindo primeiro o córrego que fica próximo à entrada do Jardim Zoológico, ponto de saída dos caiaques. "Havia um cano que jorrava água das rochas no início do córrego e esse cano está seco", disse o dono de uma barraca que pediu para não ser identificado. Segundo ele, o problema começou depois das obras de desvio do Rio Joana, realizadas pela Prefeitura do Rio desde 2012.
"Há 35 anos trabalhando aqui eu nunca vi essa água secar", disse José Figueiredo, dono de uma barraca de lanches dentro do parque.
O G1 procurou a prefeitura para saber os motivos da falta de água nos córregos e no lago da Quinta da Boa Vista. Até a publicação desta reportagem, a assessoria não havia retornado com a resposta.
Apesar de forte, o calor não afastou os frequentadores do parque na tarde desta segunda-feira (19), véspera do feriado. Famílias da Baixada Fluminense e da Zona Oeste enfrentaram horas de viagem de trem para fugir do calor.
Rafael e Magali Teixeira, moradores de Nova Iguaçu, aproveitaram o feriado para levar a filha de 6 meses para debaixo da sombra das árvores centenárias da Quinta da Boa Vista. "Eu estou de férias e trouxe a criança para sair um pouco. Estamos gostando e achando tudo tranquilo", disse.
Não é a mesma opinião do servidor público Antonio Marques, que saiu de Campo Grande. Acompanhado de nove pessoas, ele reclamou da terra esturricada. Mesmo assim, ele disse que era vantajoso ir até a Quinta, já que na praia o tumulto é muito grande.
fonte: g1 rio.
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