De acordo com o presidente da Abradee, Nelson Leite, as
geradoras têm se respaldado em liminares para evitar pagar a conta decorrente
da não disponibilização, no sistema, dessa energia contratada. Dependendo da
decisão da Justiça, há risco de, ao final, a conta acabar sendo repassada ao
consumidor.
Leite destacou que a Abradee está propondo ações para
reverter essas liminares, que hoje dão respaldo às geradoras que não entregaram
a energia contratada, e disse que, em alguns casos, pode haver acordo.
"Mas, veja bem, vai que ele [gerador] entre com pedido excludente de
responsabilidade”, ressaltou Leite, referindo-se a um tipo de recurso já usado
por algumas geradoras na tentativa de se eximir da responsabilidade pelo atraso
de obras.
Situações como greve de trabalhadores ou dificuldades para obtenção
de licenças costumam ser usadas como argumento para as geradoras obterem esse
benefício. Em tais situações, existe a possibilidade de a geradora entrar com
ação judicial pedindo o direito de não entregar a energia contratada e de não
comprar lastro para compensá-la. “Tem casos de usinas que simplesmente não
foram construídas: é o caso das [termelétricas] do [Grupo] Bertin e da
Multiner. Há uma relação extensa de obras, inclusive de transmissão, destinadas
a atender as eólicas”, disse o presidente da Abradee.
O ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, disse estar
fazendo gerenciamento diferenciado dos projetos, escolhendo os “mais
estratégicos, estruturantes e necessários” para melhorar o setor elétrico. Ele
reconheceu que atualmente há atraso em obras de linhas de transmissão, geração
e subestações, por problemas que vão desde licenciamento ambiental a questões
fundiárias.
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Segundo Nelson Leite, a conta dos R$ 10,8 bilhões abrange,
além das usinas de Bertin, na Bahia, e da Multiner, no Amazonas, as de Jirau e
Santo Antônio, no Rio Madeira, em Rondônia; a Usina Parnaíba III, no Maranhão,
que tem um termo de ajustamento de conduta (TAC) e um acordo administrativo
pelos quais pode adiar esses pagamentos; e as usinas eólicas da Bahia, que
também têm tido problemas relacionados às obras nas linhas de transmissão.
Perguntado se considera justo que os custos sejam repassados
aos consumidores, Leite disse que cabe ao Judiciário decidir a questão. “É
justo que quem for responsável pelo atraso pague a conta, e a decisão judicial
tem de levar exatamente isso em consideração. Com a situação das liminares
judiciais, é o consumidor do mercado regulado quem paga. Ou seja, a dona Maria.
É isso o que nós estamos tentando reverter”, afirmou.
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